Governo estuda vacinações anuais contra covid a partir de 2024

Governo estuda vacinações anuais contra covid a partir de 2024



A inclusão da vacina contra a doença no calendário de vacinas sazonais, como já acontece com as vacinas contra a gripe, ainda precisa ser definida pelo Ministério da Saúde com Estados e municípios,O governo federal estuda alterações na oferta de vacinas contra covid-19 a partir de 2024. A ideia em discussão é que alguns grupos da população passem a ser vacinados contra a doença uma vez por ano.Até agora, a recomendação de proteção contra covid é baseada – a depender das ideias e das condições dos pacientes – em duas doses iniciais e em mais duas doses de reforço. Mas não há recomendação de uma dose por ano.
A inclusão da vacina contra a doença no calendário de vacinas sazonais, como já acontece com as vacinas contra a gripe, ainda precisa ser definida pelo Ministério da Saúde com Estados e municípios.Um grupo que está sendo considerado nas discussões técnicas como elegível para doses anuais da vacina é o grupo dos idosos. Outro é o grupo dos imunocomprometidos.
A política de vacinação contra a covid-19 também poderá ser alterada para o público infantil. Neste caso, não seriam vacinações anuais contra a doença, mas, sim, a inclusão dos imunizantes no esquema vacinal recomendado já na primeira infância.
Em entrevista ao Valor, o diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério das Saúde, o médico infectologista Éder Gatti, lembrou que a vacinação contra covid-19 está disponível nos postos de saúde pelo país para quem tem indicação para ser imunizado.
“A gente tem uma discussão técnica em andamento para ter uma estratégia de vacinação já para o ano de 2024 com um novo desenho visando os grupos prioritários, conforme a Organização Mundial de Saúde orienta e garantindo a vacinação pelo menos no esquema básico para as crianças”, disse ele.
“Isso é algo que está sendo discutido no nível técnico, mas que precisará passar por pactuações antes de ser divulgado. É uma discussão que está acontecendo”, afirmou.
Sobre as crianças, ele citou que a própria ministra, Nísia Trindade, já afirmou que a vacina contra covid será “incorporada e garantida” para esse público como uma das vacinas do esquema básico de imunizações.

Gatti disse que espera que até outubro sejam divulgadas as novas recomendações de vacinações.
Ele não quis antecipar quais grupos prioritários seriam contemplados por esse novo desenho.
Júlio Croda, infectologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) afirmou que parece já existir um consenso de que idosos e imunodeprimidos devam passar a ser vacinados uma vez por ano contra a covid-19.
Croda é um dos especialistas que integram a câmara técnica assessora de imunizações – que ajuda o Ministério da Saúde nas discussões sobre políticas de vacinação.
Segundo ele, ainda está em aberto se quilombolas, indígenas e detentos – que também foram tratados com atenção especial durante a pandemia – deveriam ser incluídos nos grupos que passariam a ser vacinados contra o covid-19 uma vez por ano. Outro grupo sobre o qual se discute é dos adultos diabéticos, hipertensos e com outras doenças.O objetivo de uma eventual vacinação anual contra o covid-19 é reforçar a imunidade de grupos que, em tese, estão mais expostos a complicações provocadas pela doença.

Croda afirma que a vacinação anual contra covid tem sido uma escolha já adotada por alguns países desenvolvidos.
Segundo o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e secretário estadual de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti Vitor, ainda que a covid-19 não seja vista com uma doença sazonal, por exemplo, não há um aumento de covid apenas nas épocas de outono no inverno, existe, diz ele, uma tendência de que isso ocorra, uma vez que o vírus respiratório tem esse comportamento.
“O Conselho Nacional de Secretários de Saúde acompanha as discussões técnicas junto ao Ministério da Saúde e caso isso (a vacinação anual) se torne viável e também mais seguro para a população, a vacina da covid pode se tornar também uma vacina vinculada ao período sazonal, assim como a influenza, a gripe”, disse.

Estamos acompanhando, discutindo junto às câmaras técnicas para tomarmos a melhor decisão, lembrando que é uma decisão tripartite, entre Estados, municípios e Ministério da Saúde.
Dados do Boletim Epidemiológico 153, do Ministério da Saúde, atualizado em 17 de setembro, apontam que 82,61% dos brasileiros elegíveis para a imunização tomaram as duas doses da vacina contra covid. O percentual cai para 56,57% quando se trata dos vacinados com uma dose de reforço. No caso do grupo com mais de 40 anos, 52,50% tomaram a segunda dose de reforço.
O boletim também cita um dado sobre a adesão à vacina bivalente – produzida para conter com mais eficiência a variante ômicron do coronavírus, que começou a ser aplicada em fevereiro para grupos prioritários. Em abril, passou a oferecida para a população a partir de 18 anos. A adesão geral à bivalente, no entanto, é baixa. Apenas 15,25% da população que poderia receber a bivalente recebeu a vacina.

Entre fevereiro de 2020 e julho de 2023, 704.159 pessoas morreram no Brasil por covid-19, segundo o boletim.

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